Como em todo setor de uma economia globalizada, a indústria automotiva tem sofrido fortes mudanças ao ponto de nos levar a uma reflexão sobre o verdadeiro valor de um produto que é sonho de consumo para todos.
Infelizmente, na mesma proporção em que a tecnologia oferece atrativos para o nosso consumo, carros modernos, com motor possante, design arrojado e futurista, os carros deixaram de ser as estrelas principais do show e tornaram-se coadjuvantes de um cenário excessivamente frio, o cenário financeiro.
O carro tem deixado de ser um produto de valor social capaz de satisfazer os desejos e os sonhos dos consumidores mais exigentes, e tem se tornado apenas um meio de se vender dinheiro.
É isso mesmo! No Brasil, o carro tem se tornado a principal ferramenta para se vender crédito. E essa verdade tem me preocupado sobremaneira, pois as lojas e concessionárias de veículos estão deixando o seu foco principal que é vender seus carros e estão se transformando em bancos e financeiras.
O foco é vender contratos de financiamentos. Os vendedores são comissionados mais pelo financiamento do que pela venda do carro. Não importa mais o gosto do cliente por esse ou aquele modelo, o que importa é se a prestação vai caber no seu bolso.
Essa verdade vem à tona quando o cliente entra numa loja e deseja comprar um veículo à vista. Não há o menor interesse em fazer a venda por parte da loja, especialmente quando são carros de giro rápido. A que ponto chegamos! O cliente com dinheiro no bolso, querendo comprar um produto que, dentre todos os outros produtos, deixa-o extremamente prazeroso, motivado e com uma expectativa de realização de dar inveja a qualquer momento de consumo, não é recompensado por um atendimento eficiente, pois seu desejo não é financiar o bem.
É certo que o mercado automotivo é responsável com uma enorme fatia da economia e uma das grandes alavancas para a aceleração e desenvolvimento do país. Também sabemos que as linhas de créditos são excelentes oportunidades para viabilizar a aquisição de veículos e o combustível essencial para rodar essa potente máquina econômica que é o mercado de automóveis.
Contudo, não podemos permitir que os valores mudem. Não devemos trocar os prazeres de uma negociação saudável, onde o foco principal deve ser a satisfação mútua entre empresa e cliente, o que chamamos de venda ganha-ganha, para aceitar que as empresas se neguem a atender de forma eficiente e eficaz, para satisfazer os desejos e sonhos dos seus clientes e surpreendê-los, superando suas expectativas e fidelizando-os.
Vender carros é muito mais que uma transação comercial fria, é muito mais que a venda de um contrato financeiro. Vender carros é participar do sonho de consumo do cliente, é fazer parte da história das pessoas.
Portanto, gostaria de expressar um apelo às empresas que comercializam veículos, que não deixem de ser consultores de vendas para os seus clientes. Não percam o prazer de atender seus clientes com excelência, e não ignorem àqueles que não desejam financiar, pois essa função cabe aos bancos e não das concessionárias ou lojas de veículos. Não mudem os valores desse mercado tão encantador.
Fonte: www.artigonal.com